Na manhã desta quinta-feira, o LIDE Paraná reuniu especialistas um evento focado em discutir os desafios da sucessão familiar, além de analisar os impactos das recentes mudanças na legislação tributária
As empresas familiares desempenham um papel crucial na economia brasileira. Só no Paraná, mais de 60% das companhias têm esse perfil, segundo o Sebrae, enquanto no cenário nacional esse percentual chega a 90%. Apesar de sua relevância econômica, muitas enfrentam desafios para manter sua continuidade ao longo das gerações. Estudos indicam que uma grande parte delas não sobrevive ao processo sucessório. De acordo com, 70% das empresas familiares não chegam à segunda geração, evidenciando a falta de uma gestão estratégica eficaz para assegurar a longevidade e o sucesso dessas organizações.
No último encontro promovido pelo LIDE Paraná especialistas trouxeram os impactos dessas mudanças e fornecer insights sobre como enfrentá-las. Os palestrantes destacaram as principais estratégias para minimizar os efeitos adversos nas finanças e na gestão das empresas familiares e holdings.
“Investir em conhecimento, buscar suporte especializado e adotar estratégias inovadoras são ações essenciais para garantir a sobrevivência e o crescimento sustentável. O LIDE Paraná, como parceiro estratégico de seus membros, busca sempre trazer conteúdos relevantes que possam ser utilizadas como ferramentas para impulsionar a economia paranaense, tão importante e diversificada,”, afirma Heloísa Garrett, presidente do LIDE Paraná.
Preservando legados
Uma pesquisa do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) revelou que os conflitos familiares são a principal razão para a saída de sócios das empresas familiares, representando 42% dos casos. Esse dado reforça a importância da governança familiar, que desempenha um papel crucial na prevenção de tais conflitos.
Enquanto a governança de uma empresa familiar foca na administração do negócio, a governança de uma família empresária vai além. Ela busca ajudar a família a definir um direcionamento claro, fortalecer os laços familiares e, principalmente, preservar os legados que são transmitidos ao longo das gerações.
A governança familiar não se trata apenas de administrar o negócio, mas também de cuidar da união da família, de entender o que nos une e dos valores que queremos que se perpetuem. Não adianta cuidar apenas do negócio se não cuidamos das pessoas que vão dar direção a ele. A família empresária precisa de uma estrutura de governança que garanta união e continuidade”, pontua Bianca Scarpellini, especialista em governança familiar e corporativa.
A importância de conhecer a empresa
O erro mais comum de muitos empresários que conquistam o sucesso é acreditar que podem fazer o que quiserem com suas empresas. No entanto, o verdadeiro desafio é fazer o que é necessário, respeitando a natureza do negócio. É o que afirma o professor e economista José Pio Martins. Para exemplificar, ele faz uma interessante analogia entre o empresário e o criador, a empresa a criatura, enfatizando a responsabilidade e o preparo necessários para gerenciar um negócio.
“Assim como alguém que adota um cão de grande porte, como um Rottweiler, precisa compreender sua genética, buscar treinamento e adestramento, o empresário deve entender as características e necessidades do seu negócio. A “genética” de uma empresa envolve regras jurídicas, leis de mercado e processos específicos que precisam ser respeitados e bem gerenciados”, explica.
Pio também abordou a importância de estruturar o jurídico de uma empresa para que sua existência transcenda a vida biológica de seu criador. Segundo ele, a falta de planejamento pode levar empresas a fecharem ou serem vendidas, frequentemente para grupos de fora do Paraná, evidenciando a dificuldade de formar uma classe empresarial sólida e duradoura no estado. Além disso, há uma crítica ao complexo de inferioridade do Paraná em relação a outros estados, e ao impacto das mudanças de gestão após a venda, que frequentemente resultam em desgaste e transformações significativas nas empresas e em suas relações com a sociedade.
Impactos da reforma tributária para holdings patrimoniais
Frequentemente utilizadas para a gestão de bens familiares, sucessão patrimonial e otimização tributária, as holdings patrimoniais são ferramentas poderosas de administração. Com a reforma tributária, essas estruturas enfrentam novos desafios em função das alterações propostas, que podem comprometer parte das vantagens fiscais tradicionalmente associadas a elas.
Para falar sobre esse tema, o LIDE Paraná convidou os advogados Charles Mazutti, Eduardo Ribas, da Mazutti Ribas Stern sociedade de advogados. Segundo eles, os principais desafios da reforma são o aumento da carga tributária, possível reforma do imposto de renda e aumento da alíquota do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações).
“Um dos maiores desafios enfrentados por empresas e famílias é conciliar os efeitos sucessórios e tributários nos planejamentos patrimoniais já realizados. A reforma tributária e a introdução do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) exigirão uma revisão dos modelos de planejamento, para garantir que os objetivos sucessórios e as obrigações tributárias estejam alinhados com as novas exigências fiscais”, explica Eduardo Ribas.
Além das reformas tributárias, outro impacto relevante para os planejamentos sucessórios é o aumento da alíquota do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que poderá chegar a 8%. Esse aumento tornará as doações e sucessões ainda mais onerosas, exigindo ajustes nos modelos de transferência de patrimônio.
“Estamos vivendo um momento de transformação que exige atenção redobrada por parte de empresários e famílias empresárias. As alterações propostas pela reforma tributária impactam diretamente os modelos de planejamento sucessório e patrimonial, desafiando as estruturas que foram eficazes até agora. A chave para superar esses desafios é a proatividade: revisar estratégias, buscar soluções criativas e estar sempre bem informado sobre as mudanças legais. Nosso papel como especialistas é guiar nossos clientes nesse processo, garantindo que continuem protegendo seu patrimônio e seus legados, mesmo diante de um cenário tão dinâmico e desafiador.”, fala Charles Mazutti.
Mais do que nunca, preservar legados e fortalecer as bases das empresas familiares é essencial para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do estado. O LIDE Paraná reafirma seu compromisso em ser um aliado estratégico, promovendo discussões relevantes e oferecendo conteúdo de alto valor para seus associados. Juntos, podemos construir um Paraná ainda mais forte e próspero.
Sobre o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, o LIDE Paraná tem entre seus objetivos atuar na construção de uma agenda positiva voltada ao fortalecimento da economia do Estado. Posiciona-se como um hub de negócios para a promoção de oportunidades de investimento, desenvolvimento econômico e social e construção de conexões, estimulando as interações e o networking empresarial. Também é voltado à discussão de temas econômicos e políticos de interesse nacional. O LIDE tem hoje 23 unidades no Brasil e 17 unidades internacionais, sendo a do Paraná reconhecida como unidade referência do sistema.