
A falta de mão de obra qualificada tem feito com que empresas brasileiras se preocupem cada vez mais com o direcionamento de ensino profissionalizante
Durante o Encontro Setorial de Educação, promovido pelo LIDE Paraná, os empresários da educação, filiados à entidade, debateram os principais desafios que a classe se depara durante a contratação e manutenção de funcionários. E, como o ensino médio profissionalizante interfere direta e indiretamente na qualidade dos profissionais. A ideia desses encontros é levantar temas pertinentes e específicos da área para identificar oportunidades que possam construir um novo olhar para o ensino técnico.
Desde 2017, quando houve uma mudança na lei, as diretrizes curriculares foram aprovadas e os conselhos de educação adaptaram suas legislações para permitir a implementação do Novo Ensino Médio. Mas, segundo os empresários de educação, pouca coisa aconteceu de eficaz para a formação continuada dos estudantes. “Nós sabemos que houve pandemia, mas muito pouco foi feito, na maioria das escolas. De 2017 a 2022 o que deveria ser feito? Os estudos de implementação, testes e pilotos. E nada disso foi feito, a nível público e privado. Historicamente, no Brasil, foi criado um modelo onde todos deveriam fazer ensino superior, logo após o ensino médio, o que criou uma lacuna no modelo técnico”, disse Rafaela Roman De Faria, do Instituto de Carreira e Orientação Profissional – Icop.
Para os participantes, existe uma diferença muito grande na maturidade do indivíduo que passou pelo curso técnico, com aquele que entrou na faculdade sem o preparo dos ensinos profissionalizantes. As empresas não conseguem preencher suas vagas porque não encontram profissionais capacitados com as hard skills, as habilidades técnicas. E, principalmente, com soft skills, que são as habilidades comportamentais e competências subjetivas. “Durante muito tempo as empresas contratavam profissionais com ensino superior, o que acabou segregando os cursos de tecnólogos e técnicos. Nós temos que trabalhar essa reinserção de forma cultural. É preciso valorizar esse especialista, que possui domínio das etapas do processo, sendo capaz de fazer entregas assertivas”, complementou Andreia Caldani, CEO da Ioa Style Curitiba.
De acordo com organizações da sociedade civil que trabalham na área de inclusão produtiva de jovens, a falta de cursos de qualificação profissional e técnica tem se mostrado um obstáculo significativo para a inserção desses jovens no mercado de trabalho. O estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, que ouviu 34 entidades, revelou que 67,6% delas consideram que há escassez de oportunidades de qualificação, e 58,8% afirmam que os cursos atualmente disponíveis não estão adequados às vagas de emprego existentes.
Além disso, o estudo aponta para a necessidade de oferecer formação em carreiras com projeção de crescimento no futuro. Para o grupo, a expansão de escolas técnicas pode surgir com a parceria do poder público e da iniciativa privada a partir de uma abordagem crítica. Há necessidade de PPPs – Parceria Público Privadas – para ensino profissional, para uma preparação mais efetiva de educação para o trabalho, uma preparação com o objetivo de atender às necessidades do setor produtivo.
Para os empresários filiados ao LIDE Paraná, é imprescindível reconhecer a necessidade de correções e de um amplo debate em relação ao ensino médio e profissionalizante. Nesse sentido, foi destacado que é fundamental ouvir as entidades, especialistas, estudantes e professores para tomar decisões responsáveis e garantir uma educação de qualidade para os jovens brasileiros. Acredita-se que esse processo democrático é fundamental para promover a melhoria contínua da educação no país. “Devemos colocar em debate o que pode ser feito para melhorar a proposta atual e avançar na sua implementação. Para alcançar equidade com qualidade, é preciso ter foco, planejamento e monitoramento da implementação”, comentou a presidente do LIDE Paraná, Heloisa Garrett.
O LIDE Paraná busca, como entidade empresarial, dar luz aos assuntos que permeiam o ecossistema empresarial. Instigando a todos os participantes a colaborarem por meio das suas expertises com as discussões relevantes do mercado.
Sobre o LIDE Paraná
Integrante do Sistema LIDE do Sistema LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, o LIDE Paraná atua na construção de uma agenda positiva voltada ao fortalecimento da economia daquele que é considerado o segundo estado mais competitivo do Brasil, segundo a The Economist Intelligence Unit.
Ciente do potencial de crescimento das empresas da região, o LIDE Paraná se posiciona como um hub de negócios para a promoção de oportunidades de investimento, desenvolvimento econômico e social e construção de conexões únicas, estimulando as interações e o networking empresarial. Volta-se, ainda, à discussão de temas econômicos e políticos de interesse nacional.
A regional paranaense do LIDE também conta com a Casa LIDE, localizada no bairro Batel, em Curitiba (PR), que funciona como um business club exclusivo para os filiados do estado. Trata-se de um projeto pioneiro que consolidou a primeira Casa LIDE do sistema.