
Sempre que alguém me pede para escrever algo, uma inquietação fica presente comigo porque é muita responsabilidade escrever para o outro, os interlocutores poderão receber as mensagens de diferentes formas e o meu objetivo será sempre agregar. Um tema tem me desafiado nos últimos meses, sobretudo por situações reais que tenho vivenciado – Liderança.
Liderança não é uma linha nova de pesquisa, pelo contrário! Há décadas se estuda sempre buscando contribuições para as organizações de diversos segmentos e portes. Mas, por que será que ainda não se encontrou uma receita infalível para esta questão?
Em minhas reflexões penso que seja porque somos todos humanos e trazemos para os contextos organizacionais todas as nossas bagagens adquiridas ao longo da nossa trajetória, as experiencias boas e ruins que vivenciamos em diversos contextos organizacionais vão formatando nossas percepções e também julgamentos. Como tenho contato com muitos estudantes, situações reais me são apresentadas e sempre fico imaginando um admirável mundo corporativo no qual líderes e liderados encontrem a sua fórmula de uma convivência que some o tempo todo e não subtraia. As subtrações realizadas por líderes tem deixado cicatrizes nas pessoas e tenho escutado de forma ativa as pessoas me contando dessas situações, em pleno século XXI, e muito me entristecem porque estamos vivendo um momento no qual se escreve sobre propósito organizacional X propósito individual e as pessoas anseiam por essa relação.
As pessoas chegam até as organizações encantadas com a possibilidade de uma correlação de propósitos, porém alguns cenários vão se apresentando de forma árida nas relações interpessoais, desmotivando alguns. Quem seria o líder que você imagina o ideal hoje?
Gosto muito de realizar um exercício de pensarmos: quem foi o meu pior líder? Por que eu o reconheço assim? Nesta análise veremos o que não desejaremos fazer enquanto profissionais, mas em contrapartida também deveremos nos perguntar: Qual foi o meu líder mais inspirador? O que ele fez para que eu o reconhecesse assim? Estas perguntas, com as respostas individuais para cada pessoa, retratarão aspectos que poderemos sim implantar em qualquer lugar. O processo do autoconhecimento é um dos pilares da inteligência emocional e reconhecer o que para nós é importante enquanto liderança será um ponto de partida para a nossa consciência do perfil de liderança que desejamos vivenciar.
Neste cenário a busca contínua por bons referenciais teóricos que subsidiem nossas ações será fundamental, vivemos no conceito do Lifelong Learning, ou sejam, traduzindo de forma muito leve precisaremos ser estudantes permanentes durante a nossa vida. Assim, neste contexto as pessoas estão falando e buscando muito aprender sobre Liderança Ambidestra, podendo esta ser considerada uma nova roupagem para conceitos já concebidos anteriormente, no qual se busca o equilíbrio entre processo de gestão e inovação, buscando um ponto de convergência da eficiência operacional, lembre-se um líder precisa trazer resultados, um olhar focado no futuro e uma gestão equilibrada.
Que no cenário da gestão equilibrada os líderes possam olhar para os seus liderados e perceberem que há pessoas com sentimentos reais – humanas, que atuam em nossas organizações e que são elas que fazem a diferença para o alcance dos resultados.
Esse artigo foi escrito pela Daniele Farfus, professora de Programas de Pós-graduação e In Company e Coordenadora de Educação Executiva, da Escola de Negócios da PUCPR.