Casa Lide Paraná reuniu as principais lideranças da área de saneamento e infraestrutura do Paraná para discutir inovações sustentáveis para o setor

 

A cidade de Curitiba sediou nesta quinta-feira a primeira edição do Paraná Verde, evento realizado pela Phytorestore Brasil, em parceria com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Casa LIDE Paraná. No encontro, os principais atores envolvidos no planejamento, operações, fiscalização e controle de serviços de saneamento do estado discutiram o papel estratégico das Soluções Baseadas na Natureza (SbNs) para o enfrentamento dos desafios climáticos e de universalização do acesso à água e tratamento de esgoto.

Entre os palestrantes estava Thierry Jacquet, fundador da Phytorestore e referência mundial na aplicação de SbNs, com mais de 1.200 projetos implementados em todo o mundo. “O desafio das mudanças climáticas é global. O mais importante é lidar de maneira transversal quando pensamos em projetos ecológicos. É preciso lidar com aspectos sociais, econômicos e, claro, de biodiversidade. Se conseguirmos fazer cada vez mais reparações de ciclos ecológicos, certamente caminharemos para uma situação climática melhor do que a vivida atualmente”, disse Jacquet.

No mesmo sentido, Julio César Gonchorosky, diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), ressaltou a importância de soluções complementares para o enfrentamento dos desafios atuais. “O futuro deve se basear em inovação e em Soluções Baseadas na Natureza. Não há outro caminho”, afirmou.

O executivo também detalhou o projeto de SbN da Sanepar em uma área de 300 hectares na Bacia do Rio Iguaçu, na divisa entre Curitiba e São José dos Pinhais, com capacidade para filtrar 150 litros de água por segundo, volume semelhante ao necessário para uma população de até 200 mil habitantes. Na área selecionada, há um volume aproximado de 2 bilhões de litros, armazenados em cavas oriundas da atividade de extração de argila.”Já fizemos toda a interligação das cavas, dando circulação para essa água. Há ganhos ambientais e hídricos não só para o abastecimento ao público, como também para o rio Iguaçu”, complementou Gonchorosky.

Iniciativas como a da Sanepar são cada vez mais necessárias para complementar as estratégias para se atingir a meta de universalização do saneamento. Segundo estudo recente do Instituto Trata Brasil, em 2022, 96,1% da população paranaense tinha acesso à água tratada e 76,3%, acesso à rede de esgoto, um dos melhores índices do país. Ainda assim, o caminho para a universalização é desafiador. Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil, afirmou durante o evento que, além de investimentos de longo prazo, é preciso buscar inovações para o setor. “Geralmente, os locais que não contam com saneamento são áreas rurais, vulneráveis. Vamos precisar pensar em modelos complementares, como as SbNS, para que possamos ter soluções adequadas à realidade de cada local”, disse.

No âmbito de regulação, Antenor Demeterco Neto, diretor de fiscalização e qualidade dos serviços da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar), destacou a pertinência do evento, sobretudo diante do desafio de conciliar o desenvolvimento sustentável com o desenvolvimento sócio econômico das pessoas e comunidades. “Esse é o desafio da nossa geração. E são em eventos como o Paraná Verde, em que trocamos ideias e experiências, com os diversos atores envolvidos, que as soluções aparecem”, concluiu.

Heloisa Garrett, presidente do LIDE Paraná, e anfitriã do evento falou sobre a importância de discussões como as dos painéis do Seminário Verde. “O Saneamento tem o poder de transformar a vida das pessoas, ele leva dignidade às comunidades. Hoje, pudemos acompanhar os debates sobre Soluções Baseadas na Natureza (Sbn) que podem favorecer a questão ambiental e social”, falou. A presidente ainda reforçou o grande papel do LIDE em aproximar a iniciativa pública da privada.

Por fim, o secretário de planejamento do Paraná, Guto Silva, salientou que falar de sustentabilidade é falar de negócios e oportunidades. “O Paraná foi eleito três vezes o estado mais sustentável do país e, além disso, produzimos 18% da energia de todo o país, Entretanto temos uma janela de biogás e biomassa, essa é a rota que o Paraná escolheu como estratégia energética”, salientou.

O evento contou ainda com as participações de Anatalicio Risden Junior, diretor de inovação e novos negócios da Sanepar, Anderson José Amâncio, coordenador de exigências regulatórias do BRDE, Dionê Marinho Castro, coordenadora-geral do Pro Sustentável, Filipe Sampaio, diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, José Volvey Bisognin, diretor de licenciamento e outorga do Instituto Água e Terra do Paraná, Juliana Baladelli Ribeiro, gerente de projetos SbNs do Grupo Boticário, Leura Lucia Conte de Oliveira, diretora de investimentos da Sanepar, Mayla Matsuzaki Fukushima, diretora de avaliação de impacto ambiental da Cetesb, Paula Violante, diretora de engenharia e inovação da Sabesp, Ricardo Kasper, diretor de sustentabilidade da Acciona Brasil, Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo do International Council for Local Environmental Initiatives na América do Sul, Rodrigo Levkovicz, diretor-executivo da Fundação Florestal de São Paulo, Sergio Rui Matheus Rizzardo, assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente de Curitiba e Silvia Marie Ikemoto, subsecretária de mudanças do clima e conservação da biodiversidade do Rio de Janeiro.